quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"No Parking + Portobello" de 8 de Novembro a 31 de Dezembro

O Museu da Imagem irá receber a partir do próximo 8 de Novembro dois trabalhos de Patrícia Almeida, denominados "No Parking" e "Portobello".

No Parking

No Parking é um projecto de fotografia e video realizado em 2001 durante uma estadia de três meses em Tóquio com uma bolsa da Fundação Oriente. Em 2004 foi editado o livro (No Parking, POC Editions. França). A exposição no Museu da Imagem de Braga teve o apoio da EPSON.


(…) As fotografias de No Parking são

cuidadosamente compostas em função de elementos constitutivos da paisagem urbana (edifícios, estradas, ruas, passagens para peões, linhas de metro à superfície, etc.) que reforçam a abstracção gráfica e dão um carácter estático às imagens. Porque os fios eléctricos que riscam o céu ou se acumulam no cimo dos postes eléctricos, o desenho no solo das passagens de peões que travam o movimento dos transeuntes, as estruturas em betão que sustentam as linhas de um monorail que desenha no espaço um duplo “S” alongado, as centenas de janelas que parecem carimbos pacientemente aplicados sobre a fachada de um edifício, são todos sinais que apontam para uma leitura geométrica do espaço urbano. Como se se tratasse de colocar uma grelha, ou de pousar uma tela sobre o espaço e de construir um terreno de experiências visuais onde elementos móveis estão prestes a entrar em cena. Como uma teia de aranha à espera de apanhar uma presa na sua armadilha. Ou como as linhas de pauta de música onde se inscrevem as notas e as marcações dos tempos: o presto para indicar os passos rápidos de uma pessoa que atravessa a rua enquanto outra caminha andante à sua frente, o rallentando de uma pessoa que sobe um lanço de escadas, o moderato de duas raparigas de uniforme que passeiam com as mãos atrás das costas, o allegro ma non troppo de jovens que atravessam uma esquina onde incidem os últimos raios de luz do dia. Podemos assim dizer que o título desta série tem o seu significado numa ligeira modificação de percepção, pois não se trata tanto de uma interdição de paragem (no parking) mas do prolongar do movimento (keep moving). (…)

- David-Alexandre Guéniot



Portobello

O projecto “Portobello” reúne, na sua totalidade, cerca de 70 fotografias. Foi realizado ao longo de várias visitas no Algarve entre 2005 e 2007. A exposição no Museu da Imagem em Braga constitua uma introdução a este projecto. A integralidade do projecto pode ser vista no livro ‘Portobello’ a publicar até ao final do ano e na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa até finais de Novembro de 2008.

“Portobello” teve o apoio da Direcção Geral das Artes/Ministério da Cultura e da EPSON Portugal.


“As fotografias de Portobello mostram-nos como uma realidade se apresenta a si mesma tal como deseja existir, quer dizer, tal como se representa e se demonstra aos outros. As pessoas, as paisagens fotografadas participam, enquanto sujeitos e objectos, de uma iconografia pré-existente. O que vemos nestas fotografias são pessoas que são ao mesmo tempo actores e espectadores (de si mesmas), mas também pessoas e personagens, tal como as paisagens são ao mesmo tempo paisagens e cenários, tal como a realidade é ao mesmo tempo real e encenada, quer dizer, construída a partir de ficções (políticas, económicas, sociais, urbanísticas, paisagísticas, estéticas). Neste sentido, Portobello é um mundo real ficcionado. (…) Um mundo cujas personagens (os figurantes) parecem ter sido colocadas sobre um fundo de telas pintadas que imediatamente se desmoronam nas suas costas. Um mundo de cenários permutáveis (o que se passa aqui poderia passar-se em qualquer outro lado), em que a profundidade de campo mais não é do que um espaço propício ao aparecimento de miragens. Portobello, nome genérico que evoca um vago exotismo latino, cidade ou região (italiana? espanhola? corsa? portuguesa? brasileira? mexicana?), hotel ou discoteca em que imaginamos o interior fora de moda e o néon sobre a fachada, ou um cocktail colorido (ilustrado por uma foto) numa lista de bebidas (…)."

- David-Alexandre Guéniot (extractos do texto "PortobelloTM" publicado no livro "Portobello" de Patrícia Almeida.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

"SURFACES"
Christine Canetti
2 a 24 Fevereiro de 2008

"Surfaces", um trabalho fotográfico de Christine Canetti, pode ser apreciado até 24 de Fevereiro no Museu da Imagem, em Braga. Francesa, com formação na École Nationale des Arts Appliqués (Paris), Canetti, na opinião do director deste espaço cultural, «não é uma fotógrafa na sua expressão mais tradicional», razão porque «o seu olhar não se inscreve no fazer mais canónico da fotografia, antes o transcende».
A condição de artista plástica – diz Rui Prata – confere-lhe uma liberdade e um estatuto distinto na utilização do suporte, construção que se encontra mais afastada do olhar fotográfico para mergulhar num universo de uma estrutura mais mental e conceptual.
À luz desta gramática fotográfica, o projecto “Surfaces” – adianta aquele programador artístico – contém um conjunto diversificado de elementos característicos daquele meio de representação: luz, cor, realidade fragmentada, forma, escala e composição.
«Em muitas das imagens deste projecto, a luz joga um papel essencial na acentuação das texturas, conferindo um relevo à superfície plana da imagem, sublinhando igualmente o jogo de formas côncavas e convexas que criam volumetrias ilusórias ao nosso olhar», explica.
Diz Rui Prata que algumas texturas das rochas sedimentares convidam a imaginação a descobrir antropomorfismos ou figuras que nos evocam um universo de formas mágicas.
Do mesmo modo, podemos remeter essas texturas para metáforas do envelhecimento humano, em que a própria rugosidade da superfície é comparável à textura da pele.
Nas fotografias dos bosques – enfatiza Prata – a fragmentação e os reflexos conduzem-nos a falsas realidades, a um universo onírico.

Christine Canetti nasceu em França em 1959, tendo frequentado, além da École Nationale des Arts Appliqués (Paris), a Faculdade de Artes Plásticas. Desde 1983 que tem participado em exposições colectivas e individuais, quer em França, quer em países europeus, como nos Estados Unidos da América. Em Portugal, destaca-se a sua participação na exposição “Au Fil de L’Eau”, realizada em 1998 no Museu da Electricidade (Lisboa).As suas obras integram diversas colecções privadas e públicas, designadamente o acervo de “Fonds National d’Art Contemporaine”.

Mais informação:
Museu da Imagem, Campo das Hortas, 35/37 - 4700.421 Braga - 253 278 633

ou
www.euran.com/christinecanetti.htm